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Corte da Selic para 7% neste ano trará economia fiscal de R$ 30 bi, diz Ipea

Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) recomenda drástica redução de mais de cinco pontos percentuais na taxa básica de juros

Arnaldo Galvão

Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) recomenda drástica redução de mais de cinco pontos percentuais na taxa básica de juros - atualmente em 12,75% ao ano - como condição de o governo ampliar seus gastos e, dessa maneira, induzir o investimento privado. O receituário promete romper com as expectativas pessimistas que vêm sendo confirmadas pelas recentes quedas do emprego e da atividade industrial.

O trabalho, divulgado ontem pelo diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, João Sicsú, considera a projeção de "analistas" para uma queda de R$ 25 bilhões na arrecadação federal. Nesse cenário adverso, o instituto vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República defende cinco cortes consecutivos de um ponto percentual (pp) na Selic nas próximas cinco reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Além disso, seria necessária mais uma redução de 0,75 pp nos juros na reunião de outubro.

Com a Selic caindo a 7% ao ano em outubro, a economia com juros seria de R$ 30 bilhões, segundo o Ipea. Se o corte de 5,75 pontos percentuais fosse determinado de uma só vez, essa economia aumentaria para R$ 43 bilhões. Sicsú admitiu que a recomendação do Ipea piora o quadro fiscal e deve elevar o déficit nominal que está atualmente em 1,58% do Produto Interno Bruto (PIB), mas disse que é aceitável algo perto dos 3%.

Sem dar muitas explicações, o diretor do Ipea disse que a redução dos juros não vai provocar mais inflação neste ano. "Nesse ano, juros não têm nenhuma relação com crescimento e, portanto, não têm nenhuma relação com inflação. Só é possível ter relação entre juros e inflação quando se tem crescimento. Se a inflação voltar a crescer, pode ser que ela volte à pauta de discussões", comentou Sicsú.

Na avaliação do diretor do Ipea, o medo em relação à crise econômica levou empresários e trabalhadores a cortarem seus gastos e investimentos neste ano. Por isso, o aumento dos gastos do governo é o único instrumento de combate à crise que pode ser utilizar.

O Ipea avalia que o governo não pode, sozinho, substituir o investimento privado. O gasto público serviria, no entanto, para estimular o setor privado. Nesse caso, os gastos teriam de ser direcionados para investimentos e para a área social, e não com juros. (Com Folhapress)

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